Introdução
O desenvolvimento de doenças infecciosas é caracterizado pela ocorrência de uma série de eventos sucessivos e ordenados chamados de ciclo das relações patógeno x hospedeiro. Este ciclo não é, necessariamente, o ciclo de vida do patógeno, sendo necessário o uso dos dois conceitos.
O ciclo das relações patógeno hospedeiro se divide em dois ciclos menores: o ciclo primário, que são os eventos de formação da primeira lesão na planta hospedeira, e o ciclo secundário, que é a ocorrência de vários ciclos iguais ao primário, acarretando o aumento da doença. Tanto no ciclo primário como no secundário ocorrem os seguintes eventos: sobrevivência, disseminação, infecção, colonização e reprodução (Figura 1).

Figura 1: Ciclo das relações patógeno x hospedeiro
Sobrevivência
Esta fase caracteriza-se por garantir a sobrevivência do agente patogênico em situações adversas, como ausência do hospedeiro e condições climáticas desfavoráveis. Para isso, cada patógeno desenvolveu uma ou mais estratégias de sobrevivência, divididas em quatro grupos:
- Estruturas especializadas de resistência: comuns em fungos, nematóides e dois gêneros de bactérias. Embora tenham formas e origem diferentes, estas estruturas têm a função de manter o microorganismo vivo, em estado de latência, por longos períodos de tempo.
- Atividade saprofítica: o patógeno mantém seu metabolismo ativo através da colonização de matéria orgânica ou utilização de nutrientes do solo.
- Plantas hospedeiras: o patógeno pode sobreviver na superfície do seu hospedeiro até que existam condições favoráveis para o seu desenvolvimento, sem causar doença. Já os parasitas obrigatórios causam doença mas mantém o hospedeiro vivo, pois dependem dele para sobreviver. O patógeno pode sobreviver ainda em sementes e hospedeiras alternativas, como plantas daninhas.
Vetores: são seres vivos que transportam o patógeno e, na ausência do hospedeiro, retém o patógeno em seu organismo, mantendo-o vivo. Os vetores são principalmente insetos, mas plantas parasitas, fungos e nematóides também podem se comportar desta maneira.
Disseminação
É o processo responsável pelo incremento da doença e envolve três subprocessos básicos: liberação (como o patógeno lança seus propágulos no ambiente), dispersão (como os propágulos são carregados) e deposição (quando os propágulos atingem uma superfície).
Todos os patógenos produzem grande número de propágulos, mas nem todos chegam à superfície do hospedeiro. O processo de disseminação refere-se, essencialmente, a propágulos que partem da fonte de inóculo e atingem o tecido suscetível sadio. Nem todos os patógenos apresentam um processo típico, com as três fases. No caso dos vírus, em que o processo de disseminação de resume ao transporte do patógeno por seus vetores, o termo mais utilizado é transmissão.
Infecção
Uma vez depositados sobre uma planta hospedeira e sob condições favoráveis de ambiente os propágulos do patógeno iniciam uma série de atividades bioquímicas e transformações morfológicas. Estes eventos são o fenômeno da infecção, ou seja, um processo que tem início com a entrada do patógeno na planta e termina com o estabelecimento das relações parasitárias entre ele e a planta hospedeira.
Colonização
É a expressão da fase parasitária do patógeno, representada pela retirada de nutrientes do hospedeiro.
Em função das relações nutricionais estabelecidas com o hospedeiro a colonização pode ser classificada em três grupos: biotrófica (alimentação da célula viva); hemibiotrófico (alimentação de células vivas e mortas) e necrotrófico (alimentação exclusiva de células mortas).
Quanto à distribuição do patógeno no hospedeiro esta pode ser sistêmica (quando o patógeno é amplamente distribuído na planta pelo sistema vascular e é encontrado em pontos distantes do foco da infecção) ou localizada (quando o patógeno é encontrado somente nas células próximas ao ponto de infecção).
Reprodução
É o processo de produção do inóculo, que pode ocorrer tanto no exterior como na superfície do hospedeiro. Os vírus replicam-se no interior do hospedeiro e a maioria dos fungos e bactérias reproduzem-se logo abaixo ou na superfície do hospedeiro, o que favorece a disseminação do inóculo.
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